Ciclope Enguiçado I (José Saramago - Epitáfio) (opus n° 25) I Senão d’ouro, de que são feitas as palavras que tremulam os lábios e te partem as mãos? Dos bolsos vazios inundam dúvidas. Nos versos mais duros a boca úmida. A cabeça pende. Idéias não secam e a mina com o seu rutilar de tolo se acalma. As mãos partidas vêm da lida. A boca trêmula da angústia. E as palavras... Ah! as palavras... Senão d’ouro são palavras; E seu valor: vale o quanto pesa cada ouvido; ou o quanto necessita cada coração silenciado por simulacros ou pelos fatos. Pois vez em quando é de ouro o silêncio, outras vezes é obstáculo. Então, no terceiro olho vicejam e se escondem as metáforas. E em cada verso com seu rosário de palavras há numa pausa que voa, uma imagem que evapora, e um fim pra tudo que ecoa. II Depois... Sim! Sim! Sim! O big-bang, Planck, um Sol um Galileu, um ensaio ante a cegueira e... ...um novo grito... Renascimento ou enquanto Durar o Menino P/ R