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Mostrando postagens de junho 17, 2010
Uma Estranha no Ninho (Castañeda Song) p/  J. Richard and mi cumpadreYellow Por que sabemos o que devemos: Que chegue logo o iniciático meio dia. ao som de ‘The Gates of Delirium’: YES I No exercício da liberdade está o preço da vida Na repetição da loucura o desapego e a sombra Na chuva que bate à janela repousa o cigarro apagado A delicadeza da história sem rumo De um cavalo que morre De um caminho sem volta, em Ocucaje De Los Andes: um paraíso esquecido. Repara o pequeno brilho na mínima aste que paira Tal qual pluma não pousa Dissolve Interrompe Transparece Não foge Reluz. É o menino que olha sem pensar Sorriso que corre a vida Que vôa sem querer Indo além da memória Piscando Precipitando núvens O medo refazendo a história Arquitetando rudezas Desprezando a noite O sol despindo-se só Sem conflitos os planetas Dissolvidos os sistemas Meus amigos dormem Tal qual sonham seus meninos Com travessos gritos e a certeza Alegrando com leveza e prontidão O meu hospitaleiro coração
Do Despertar da Consciência P/ Florbela Espanca ao som de MarsVolta Cassandra Gemini-Plant ‘a Nail in The Navel Stream’ Amanheço sempre cego e ouço: Há sempre uma verdade em cada Lenda vaga. Ao meio dia penas pendem sob a chuva: Dor de pássaro sem asa é folha morta. Declinam as sombras o seu inverso E um distinto beijo amargo Faz-me claro, suave, e explodido em você: raios do meu entardecer sem fúria.
Ante a Passágem de Helena K. ao som de “Gaivotas” do Blindagem I A manhã    chega Os pássaros cantam Folhas balançam Botões florescem A erva cresce A erva azeda Os frutos caem Estelas somem A maré muda A lua enche O dia nubla O Sol não surge A vida corre Os homens passam Os rios viajam Tudo flui Acelera o pulso A vida stagna O sonho enfebrece Não posso dizer: _ Lázaro, vem! Mas estás    viva Vida em palavras Pequenas asas luzes acesas A província mais pobre Choram hai-kais lamentam tankas Eu balbucio: amor meu ! A tarde se foi nós vamos correr Vamos cantar que alguém amado foi realmente alguém... e morreu! II. (póstumo)   †) ...E para a Primavera deste nosso amor Sorrisos encantados onde você for Tão bela e rara, Que o meu coração enfebreceu ao som de um tambor Que bate forte Que bate dentro Trazendo a sorte E o momento De estar atento a tudo o que grita em meu peito Aceito o fato e te enfeito em minha memória Pra vencer o tempo...  (†) III. Dorme, dorme doce menina, por que ningué
(...) “Mãos! De que me servem o teu silêncio? (...) Em meu rosto, alternam-se tigres feridos e canoas guiadas por homens em pé”. (...) (Fernando Paixão - Mosaico - Nicolau) 25.   Para o Anacoreta (ou um túmulo emprestado) p/  Fernando Pessoa, Mario de Sá Carneiro e Toninho do blues ao som de “Glory Box”do Portishead Morres vestindo o que tinhas de melhor. Então em negro, Correm velhas senhoras para assegurarem-te A decência aos panos, Certas de que com os teus, Não farias boa figura nem mesmo Ao teu sinistro cadáver. Espalho com minhas mãos um punhado de terra... Não te tocarão! Vais de Casimira inglesa Oriunda do espólio de um recém Falecido Barão. Ataúde barato Num buraco emprestado Vais, vais... Sombrío e sem a certeza que tenho De que vais sem flores, E que ao menos esta noite, (como gostarias) Enquanto em vigília prossigo, Dou-te minha palavra De que urubús e anjos Não te tocarão!
Sepuku (ou liberdade taoísta) p/    LEMINSKI “A porta intransponível é aquela que não foi fechada, assim como prende mais a corda que não amarra (...) Aquele que se considera neste mundo sem mestre e sem lição, precisa ser repensado.” (Lao-Tsé - no ‘Tao Te Ching’) “A liberdade será algo vivo e transparente (...) e a sua morada será sempre o coração do homem.” (Thiago de melo – em ‘Faz Escuro mas eu Canto – Estatutos do Homem – Artigo final’) Porque um homem de verdade Precisa de perfeita calma para Agonizar. O amor pra sempre está perdido É preciso fazer um Hai-Kai Urinar E depois Beijar a morte docemente Por que um homem de verdade Precisa no fim de tudo Parar de precisar
Balada de Maio ou Um Beijo da Morte p/  W. Rio Apa ao som de Shine Crazy Diamonds do Pink Floyd “Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranquila. Um beijo no rosto do morto.” (Clarisse Lispector – em “Um Sopro de Vida)” Há um corte profundo em cada palavra Um pedaço do mundo em cada enseada E uma só gota alegre no rio que há em mim Há em cada relato uma história mal contada Uma sequencia de estorvos numa aposta malograda E um     só passarinho voando no por do Sol de onde vim Reconheço a tristeza com que canto esta balada sei que toda tragédia não ultrapassa a madrugada E um só beijo da morte anuncia à sorte um profundo corte e o inadiável fim.
Sob o Ópio P/  Virgínia Wolff, Charles Baudelaire e Rimbaud Ao som de Beatriz (Chico e Edu Lobo) “Perdi-me dentro de mim porque eu era labirinto.” (Mário de Sá Carneiro – em ‘Dispersão’) ¼ Conforme era engolida por um turbilhão de lembranças vertiginosas em tumultuosa e pujante orquestração, sentia crescer além das entranhas uma furtiva e enorme serenidade. Lutava para fixar-se lá fora Mas num refluxo abria os olhos e tinha a certeza De que Dentro de si Por mais obscena e turva que fosse A bússola se quebraria E placa alguma evidenciaria a direção Ou o caminho, Quem ali penetrasse e bebesse, fatalmente se perderia. ½ Havia dor insuportavelmente gélida. Era o início:  papayer  somniferum. Os tempos foram sombrios e longos. Tão longos que até mesmo a dor, em meio a um desértico inverno interior, passa a ter belos olhos e um hálito amigo. ¾ Tornou-se inútil vedar portas e janelas, É dentro de nós que colônias de micro organismos Elaboram a definitiva partitura Marcham fúnebres e espe