“in summa serenitate”
p/ Chat Baker , Leonardo Becker & Fausto Toto Barrabás
Toque o pôr-do-sol com as mãos. Traga à tona o meu melhor por mim. Surgem assim em ondas feito cavalos disparados. A mão é única. Atenção ao suave grito. Ao mais leve aceno. É preciso o coração na boca. Nas pontas dos dedos. Numa Fender Stratocaster ou num Trompete: Enternecer é mágico. O mundo do silêncio explícito. Implicam a marcha fúnebre, as manchas solares. Um quarteto de cordas e o que mais? Polifonia? Sun circus forever?
Andamento que valoriza a pausa. O coração tem música. Ritmo marcado por enfileiradas lápides. Empedernidas fúrias. Um velho e saudoso pai incitando a pauta, a harmonia.
Somos pequenos infindáveis perdidos em nossos esquecimentos.
Um relógio pêndulo que bate.
Admiração que dura.
E no cerne de tudo: as palavras.
A pretensão de quem segue.
De quem dança segundo os sábios códigos da vida.
Sob música mundana.
Agora sei de onde surge o teu nome:
da atmosfera do vento.
Do canto que ondula agora. Do Sol que se põe por dentro.
É da agonia a noite em que você não chega.
Um jardim florido não nos espera. Desrespeitoso outono não vai. Apressado inverno que não vem. Trânsito pesado em Nova York. Transito quase rápido: peito falsamente cheio. Séculos sem nenhuma ilusão. Nenhum lugar é uma festa. O futuro: cadáveres desinibidos. Sempre o futuro. “O Apanhador no campo de Centeio”. Nunca neva numa canção pra você. Feche os olhos. Um velho blues na cabeça. Você se ama? Mesmo que passem os anos? Aviões podem explodir prédios em qualquer lugar do mundo? Não sei quem sou. Mas a pergunta permanece quente. O que vemos agora??? Um dia a Lua vindo à Terra em milhões de fragmentos? E nós, os eleitos, para En-Soph: o lugar do conhecimento total?
A música acabou, garoto bonito. A fé acabou. Talvez o fim da civilização. Da globalização. Do pós-tudo. Não importa. Agora estamos juntos e o Sol está esplendido. Quase no fim das horas, intuo que meu amor guarda-me nos olhos, mas também na memória, para que assim sendo, no derradeiro momento em que o nervo óptico falhe, permaneça o terceiro olho no interior da clarabóia, e na fiel imagem do coração vidente, o amor arda preservado para sempre, numa lembrança esplendida, eclodida num coração que letal me transpôs para uma simples, suave e inexeqüível sinfonia.
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