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Crepúsculo

p/ Joel Moreno
I
Em meio à construção da agonia na noite
surge gélida a estrada
Uma ferrovia de ossos incandescentes
se exalta sobre os musgos
que transcendem verdejantes seu tempo de gestação.
o fim impregnando o solo infecundo,
um
trêmulo fio de linho sobre a flâmula
onde estandartes nada mais simbolizam,
e quando lúcido:
decreto desacreditados
os
sonhadores!!!
II
Entre o que desejávamos e tínhamos:
o vento de deuses mortos sobre humanos pútridos
soprando sobre vidas cegas
vagas loucas
alagados esparsos
andarilhos sinópticos
a margem
do
como? Quando?
Sempre íntimos da incerteza.
Então,
entre o perseguir e o alcançar:
um mórbido e inevitável
esgotamento.
III
Houve alarido quando trombetas tocaram
os sinos soaram
garantido o insosso farelo dos bezerros:
os bois sorriram, em mansidão dormitaram
porém nenhum anjo surgiu no céu
e a tarde em seu lento e finito arrastar
amadureceu
irreversível
num pasto
sem
música.

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