Vives ansiando em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.” (...)
(Olavo Bilac – no poema ‘Dualismo’ no livro “Tarde” – 1919)
sem que o medo da dor ao sol se inflame
Eu não sei se tua alma esqueceria
as sutilezas de tais sonhos delirantes
Eu não sei se meu corpo calaria
ante aos sentidos mais preponderantes
a alma sabe que a paixão se reteria
se as emoções não agitassem tão constantes
Na infância não se via um mundo impuro
a vida se fazia feliz na inocência
que hoje cede ao anormal e ao prematuro
nos pesadelos desta nossa existência
visualizando no futuro um mar escuro
onde o sonho não terá mais resistência.
finge a morte ser barreira do inferno
tormentas de um mistério quase mudo
em que tudo está num fenecer eterno
Quando o calar refletir quase tudo
e a razão se fizer sentido alerto
haverá na demência da ilusão um escudo
pras decepções deste padecer incerto
E se teu corpo num entregar calado
se vulgarizou decadente num festim
então saciado ficou meu corpo escravo
Num poema meu florindo o teu pasquim
onde entre pernas minha língua eu encravo
ávido em festas destinadas a este fim.
pois devassos incrustados em marfim
devastados alinegros se entristecem
anabolismo de um complexo arlequim
Afogado nestes beijos que arrefecem
quais pinturas abstratas sem um fim
há loucura em rostos velhos que estremecem
em teu corpo há demônio e querubim
Comi pêssego com dois anjos assassinos
ledo engano que existe em meu olhar
despertando todo o instinto do menino
Que um dia então sonhando com um mar
certamente nada mais que um sonho mítico
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