O Lugar Comum do Jamil Snege ou Um Novo Velho País
P/ Jamil e Caio Fernando Abreu
(...) O corpo agora é monturo de searas.
Há algo que não perece, entretanto. (...) -
é a baba do morto que desata pássaros
pela sala (...)
(Jamil Sneje – em ‘Poema Para Quando
me Vejam’).
I
Sim! A velha casa decompondo-se terminalmente silencia.
Os últimos passos matinais afastam-se.
Botas desgastadas em vil dança na infinita estrada
deslizam entre pontiagudos seixos,
que rolam e
fielmente entre eras
esperam pela definitiva lapidação.
Os ruídos voltam mais serenos
e as mãos:
‘estes leques que ora cobrem o rosto’
não têm mais conserto
II
Uma última vez
antes de bater a antiga campainha
e o tormento por despedaçar muros se desfaça...
Façamos rir ampliado
desdenhosos e
sem tempo para ninguém
absortos por pequenas e delicadas coisas:
talvez,
afrouxar a gravata
comprar
um
novo relógio
dar
uma
nova esmola
inventar uma
nova esperança
desviando do mesmo
mendigo
digo: menino!
neste novo
velho
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