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Esquisofrenia rumo à Damasco ou uma Segunda Carta à Laodicèia (Neo-platonismo)


Esquisofrenia rumo à Damasco ou uma Segunda
Carta à Laodicèia (Neo platonismo)




Em contraste com o desaparecimento do último e legítimo indígena há a todo momento uma nova eleição, e o que escolhemos não são apenas produtos, velhos ou novos ideais e nem mesmo qualquer movimento sócio-coletivo, mas tão somente a busca pela descoberta dos desejos mesquinhos e prazeres tacanhos que, um dia já apontaram como comportamento intrínseco à juventude (sempre escravizada pelo consumo), mas que agora, usurpam a pauta do dia-a-dia e invadem à socapa a cultura geral, imprimindo marcas irreversíveis nos costumes e, angariando legitimidade ao, textuar nas cartas constitucionais dos países capitalistas, o direito individual como estando acima do bem coletivo. Elegemos fantasias impossíveis expostas por palhaços maquiavélicos, cujos ternos sobre colarinhos alvos, escondem um rancor contra a pátria e seus mais frágeis filhos. Assim, ausente qualquer bom senso e aos gritos e sussurros, prometem-nos uma festa orgiástica aos sentidos oferecendo a perfeição sob a forma de propriedades (mulher, filhos, apartamento, casa, carros, títulos, dentes perfeitos, relógios caros, sedentarismo e etc.), ou seja, tudo o que pode ser perdido ou roubado.
O grande mal sobre o homem comum é ele mesmo: deselegante, incômodo, ancioso, viscoso, mentiroso e glutão. Personágem vil para o qual a jovialidade é uma cirurgia plástica, sexo pedofílico, um tênis da moda e uma camiseta regata.
Então, em contraste com com a água doce que definha, pixe e concreto devoram o chão e estendem-se ao longe e, onde a pouco haviam florestas: há monocultura e pasto. Um rio de homens pisoteando-se atrás de arroz, feijão, alguma carne e nenhuma tranquilidade. Apodrecidos, o amor e a paz declinam ao chão que notem, é um paraíso de carícias aos cadáveres. A liberdade deu lugar à tentação, a transparência à opacidade, o calor ao frio e a claridade à escuridão. A mentira e a ilegalidade somadas formam a equação que traduz fielmente a realidade: os polos se inverteram. O cansaço e as doenças são frutos do conforto, este deslizamento rumo a satisfação imediata e ao adiamento das mais necessárias preposições existenciais. A verdadeira alegria é perjuriada como sendo um sentimento tolo e, a tristeza sob a forma de um sentimento de grave seriedade, faz o homem esquecer que a alegria sadia, aquela oriunda de pequenas e delicadas coisas, é o elo que o liga aos seus primórdios onde ainda sem palavras, adivinhava por trás de seus intraduzíveis sorrisos, as epifânicas manifestações de sua inocência.
Dizes que o teu chefe é assediador mas não exergas que tua companheira se sente solitária. Declaras que teus filhos são preguiçosos mas não assumes que são somente agentes decadentes da tua estupides. Culpabilizas tua esposa, professores , pedagogos, diretores, conselheiros tutelares, vereadores, promotores, juízes, deputados, senadores ao presidente da república e etc. Mas está em ti a ditadura interna fonte de todo o teu desespero.
Restam os franco atiradores poetas: escassos guerreiros do intelecto. Vivificadores das palavras das quais depende o futuro da linguágem. Estes que te alertam sobre o teu futuro e o do planeta. Indicando que da formação dos teus descendentes depende todo o destino da espécie e, desta constatação nasce o nosso desespero: a caverna platônica existe e nela estão seis bilhões de criaturas assustadas e assim sendo: assustadoras.
Grita um renomado astrofísico: “_Calma! Quando o sistema solar tiver sumido, estas idéias serão somente um conceito de auto-preservação a ser defendido por ninguém.”
E assim, a metodologia do conhecimento torna-se tão escatológica quantos os mitos religiosos. Darwin está morto? Deus também. Raramente escrevo ‘deus’ com maiúscula, no entanto, amo a gramática. O planeta está nauseabundo e a fé sem obras é morta. O suícidio consciente ou inconsciente, solitário ou coletivo é pecado humanamente capital. O fim sempre espreita o que existe e, a persistente resistência e a inocente alegria, deveriam ser a grande marca desta inconcebível divindade que cantou e elevou a humildade, o trabalho e as crianças, e que por certo, jamais adentrou o apodrecido coração desta mística e fugaz era dos homens.

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