Virtuose (Inspirado em Provérbios 31)

Virtuose (Inspirado em Provérbios 31)

p/  Renato Estefani, Jimi Hendrix Estefani & PenelopeSu

Quem não preparou-se para o silêncio, ficará à procura da companhia perfeita. Mas, ela existe? Decreta um antigo alfarrábio: é mais rara que uma gema azul, uma orquídea negra ou um sacerdote sincero. Quem a possui, tem o coração em paz e não teme pelo fracasso, certo que impregna-se  de ‘duplicidade cúmplice’, esmerando-se em cultivar flores bonitas e gramíneas alegres, mesmo nos intermezzos outonais de angústia ou invernais de dor, não alimentando-se da feiúra ou de agravos  e permitindo a passagem dos dias, diante de um incansável treinamento, destinado aos que decidem ser comparsas. Então, dispostos a luta, orgulham-se das marcas que o trabalho tatua nas faces e nas mãos, jamais deixarão faltar ao ninho o calor e o alimento. E é desta aragem da vida que retiram o ímpeto por semear amor com humildade, transubstanciando o passageiro em perene, no exato ponto onde a lavoura rebenta os melhores frutos e,  o corpo saudável agradece à labuta, pelo horizonte da longevidade, de onde abundam confiança e conhecimento. Dos espíritos, formatados pelo melhor do labor físico e intelectual, surgirão pontes estendidas aos que precisam com urgência do saber pensar e sentir. Sendo que esta entrega, garantirá que teus filhos jamais sentirão frio, medo ou fome na tua ausência, e rirão das mais negras previsões ou desolados instantes, pois estão fortalecidos pelo olhar carinhoso ao lado e, seguem blindados pelo que sentem e fazem pelo próximo. Assim, o andar cúmplice torna-se a cópia fiel do discurso e uma coisa já não se distingue da outra. O pensar, o agir e o falar tornam-se benevolentes, entretanto, durante a vigília que dividem sobre suas vidas, respiram feitos felinos ferozes e não temem nenhum inimigo. Sua harmonia é contagiante, e ainda assim, muitos dirão: “este encantamento é temporal e ilusório, o gostar é vão...” Doentios, apregoam que:  “o amor é um conceito inatingível e meramente especulativo, usado no intuito de atingir-se o prazer físico através da troca de fluídos corporais.” São a imensa e absurda maioria. Mesquinhos, elegem pequenos delitos em detrimento dos profundos sentimentos, da razoabilidade dos pensamentos e da clareza da expressão. Ficamos nós nesta encruzilhada primordial onde a eternidade é apontada como o fim de todas as direções, sendo que o tempo não acaba com o fim das medições, e o infinito, é só um incrível lugar no espaço, possível somente no instante, sim, no delicado momento que mundos chocam-se, particularidades somam-se, diferenças se anulam dando origem a um novo mundo: o da ‘duplicidade cúmplice’, esta que agora me inspira a dizer: “ a fonte da juventude existe, mas sua água, não é benéfica se bebida de maneira egoísta ou solitária.”