Para o personagem 'Pacu' de "Abril Despedaçado"
& para Sandro Ferreira Pinto ao som de Raul Seixas...
Como quem acende um cigarro a espera da morte,
vejo um pássaro enforcado na estação da angústia.
Um galho onde pende um balanço vazio, o vento,
o despertar no menino ampliando a contemplação,
o errôneo, um vislumbre antigo originando busca,
passos trôpegos, finas floras, fluxo e intuição...
transcender é antes de tudo, um vôo de coragem, lucidez e enorme disposição:
nada que se possa legar ao relativismo ou ao acaso,
posto que, na alma do grão de areia repousa intacto
o meteoro, o oráculo clama: é no fim do universo
que surge a primeira centelha das coisas, retração
enunciando o retorno do velho ressuscitado em novo,
e se, miraculosamente frente a vida o Sol ressurgir,
no exato ponto onde meus olhos vibram e a memória
falece, ante ao surgimento da primavera em teu zodíaco,
se ensimesmado estou, respiro, relembro e não paro...
só assim reinvento a sorte
e atrevo-me a relutar astuciosamente em ser,
a cada dia a mais, sob o suave beijo do instante,
absolutamente:
ninguém!
End
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