Por que ninguém desconfia o que
está no fundo do que é dito
o mundo é um paraíso infindo de
concretos postes
onde urino meus cavalos de Tróia
estabeleço limites e reproduzo o
percurso em placebos, águas
os frutos do moendar incessante
desta roda que nos gira
este monjolo que esfarela
e destas mãos que silenciosas
ferem o trigo com ingredientes
e carinhosas lhe distinguem
sob fogo e sentimento
o objeto e seu nome: pão
substantivo do verdadeiro aquecimento
da qual a unica inimiga é a fome
não somente esta que em sonhos
amadurece o campo
mas aquela que clama por fluxo e
extrai dos cavalos de Tróia
atirados aos pés dos postes
as reais fronteiras destes nossos
corações
muitas e muitas vezes silenciados e
demarcados por esta inefável e voraz
sede de palavras.
EnD
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